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20 de setembro de 2012

Artigo: Não seja um analfabeto digital!

O mundo mudou, as pessoas mudaram, procedimentos são outros, posturas caíram por terra. Coisas que antes fazíamos com papel e caneta, hoje em dia, acontecem na tela de um computador: escrever uma carta, um relatório ou um texto.


"No ano 2000 existirão dois tipos de analfabetos:

1 - O que não sabe ler e escrever;

2 - O que não sabem o básico de informática"

Quando ouvi estas palavras em 1993, não fazia idéia de que logo se tornariam uma realidade...

O Brasil demorou a ingressar na ‘era dos computadores’, conforme sabemos devido às imposições, censura e vetos impostos pelo regime da ditadura militar. A informatização das empresas brasileiras se deu praticamente apenas quando as fronteiras foram abertas às grandes corporações multinacionais, obrigando assim os nossos empresários a “acordar” para este boom tecnológico, e adequarem seus obsoletos sistemas e métodos administrativos, e de gestão analógicos a esta nova realidade.

Novas profissões como: digitador, analista de sistemas ERP, supervisor de conteúdo foram surgindo, e muitas das antigas foram sofreram uma agressiva mudança, outras simplesmente deixaram de existir. O velho conceito do “contador guarda livros” é coisa do passado. O escriturário fiscal, que deveria ter unicamente uma caligrafia impecável e legível, além de conhecer a Legislação Tributária, hoje deve se comportar praticamente como um programador de sistemas de computador, e caso não domine, pelo menos deve entender a essência e o princípio do que significam termos técnicos como: tabelas eletrônicas, XML, layout, arquivo txt, PGV, SPED, EFD, ECD, etc.

Um dos maiores impecilhos para o desenvolvimento de mão de obra plenamente capacitada hoje em dia, é o sistema de educação pública brasileiro, que peca em vários aspectos, dentre eles a insistência de manter em grade curricular algumas disciplinas, que se não são de caráter dispensável, são em suma incompletas e inconsistentes, como por exemplo:  Educação Artística que tem ZERO de fundamentos da teoria e apreciação musical. Não podemos esqueçer das aulas de informática, base deste artigo, que estão bem longe de se caracterizarem como ‘alfabetização digital’, pois são tratadas em segundo plano, onde os  professores não tem a mínima das condições de exercer a sua função com excelência que lhes é outorgada, por conta de equipamentos e softwares ultrapassados e sucateados. Estes aspectos discrepantes formam jovens com pouca, ou nenhuma capacidade de análise crítica, raciocínio lógico e claro, habilidades profissionais compatíveis com a situação atual do mundo corporativo atual.

Outro aspecto a se ressaltar, é que o estudante da ‘Geração Z‘ , tem profundo entendimento sobre redes sociais, softwares de bate papo e principalmente jogos eletrônicos, porém, desconhecem o verdadeiro potencial de um microcomputador conectado à internet, as excelentes bibliotecas virtuais e fontes de pesquisas acadêmicas e de formação profissional, muitas totalmente gratuitas. O já citado fraco incentivo à educação digital no ensino público, fez surgir um bizarro e vergonhoso idioma alternativo, o famoso internetês. Isso obriga os pais com o mínimo de bom senso, a arcarem com caríssimos cursos particulares de informática e aulas de reforço de língua portuguesa e gramática, na esperança de sanar estas deficiências e preparar seus filhos para o futuro/presente, sendo que o jovem dificilmente desenvolve gosto pela correta escrita e leitura sem o devido incentivo. Se isso já ocorria com os livros impressos, tente imaginar com os e-books duelando com as atuais possibilidades de entretenimento eletrônico.

Finalizando, essa tardia e ríspida revolução tecnológica brasileira, pode ser percebida nos perfis desejados em anúncios de vagas de emprego, onde cada vez mais o mercado busca por profissionais com pouca ou nenhuma experiência prática e base teórica forte, para que seus conhecimentos sejam moldados de forma usual, de acordo com as necessidades e procedimentos da empresa, aspecto este que simplesmente destrona os anos de experiência e especializações técnicas em funções obsoletas de candidatos que ficaram estagnados, confiando unicamente e exclusivamente em sua bagagem. Em resumo, o profissional com experiência que não se reciclar de acordo com as regras de conhecimento atuais, serão provavelmente descartados em processos seletivos dando oportunidade à  jovens  da “Geração Z” que vivem esta nova realidade do saber.

A pergunta abaixo pode soar ofensiva para muitos que não desejam expandir seus horizontes, mas reflete a realidade em muitas empresas:

Por que contratar um candidato com experiência em funções administrativas básicas, e sendo um “analfabeto digital” com vasta experiência e pretensão salarial astronômica, se um candidato “antenado em tecnologia” recém formado, pode aprender as rotinas básicas e render mais, sem vícios corporativos adquiridos ao longo da carreira, e a um custo bem menor do que o de contratar e capacitar tecnologicamente um profissional “ultrapassado”?

Uma grande e bem-sucedida administradora de um grupo empresarial com mais de 30 anos de existência, e líder de mercado no seu segmento, certa vez mencionou:

- Não pense duas vezes antes de aprender algo novo, por mais banal que possa ser de início. O conhecimento é uma coisa só sua...e ninguém vai conseguir tirá-lo de você!

Capacite-se, aprenda, investigue, pois a curiosidade cria dúvidas, as dúvidas trazem os debates, os debates solucionam as dúvidas que quando entendidas plenamente criam histórias de sucesso ou de fracasso! A escolha é de cada um! 

Consegue se imaginar perdendo uma vaga de emprego para seu sobrinho, ou o filho de um amigo, pelo simples fato de não conseguir entender um programa de computador?

É um assunto a se pensar!

Por: Moacir Teles - Tributarista, Desenvolvedor de Sistemas e Músico

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